Erik Cerrado – Uma Lenda na Formação de Atletas de Elite
- Bernardo Passos
- 10 de jan.
- 13 min de leitura
No DESTAQUE Luta-Livre de hoje, tenho a honra de entrevistar um dos maiores nomes na preparação de atletas de alto nível: Erik Batista da Silva. Mestre em desenvolver campeões, ele não só molda a técnica dos seus alunos, mas também fortalece suas mentes para os desafios do esporte.
Com uma trajetória que inclui a formação de grandes feras como Vicente Luque e Viviane Araújo, Erik é um símbolo de inovação no treinamento de grappling e MMA. Durante nosso papo, ele falou sobre seu método único de preparação, o impacto do equilíbrio mental nos resultados e os pilares que moldam sua filosofia como técnico.
Se liga nessa conversa inspiradora com o mentor que transforma talentos em lendas!
Como foi o início da sua trajetória na Luta-Livre e quais foram os desafios que você enfrentou até se tornar faixa preta e técnico?
Na minha infância e adolescência, eu era um garoto muito inseguro e medroso. Cresci em comunidades carentes, com muita violência, até mesmo na escola. Para piorar, eu não era bom em esportes. Tentei futebol, vôlei e outros, mas era desajeitado, fraco e sem confiança. Isso me fez sentir que precisava mudar. Foi assim que comecei a praticar capoeira, na tentativa de me transformar.
Alguns anos depois, minha vida mudou. Eu trabalhava na recepção de uma academia quando vi dois homens montando um tatame improvisado e começando a lutar. Aquilo me lembrou os vídeos de Vale-Tudo que eu alugava nas locadoras para assistir nos finais de semana. Quando eles terminaram, criei coragem e perguntei: "Isso é Vale-Tudo?" Um deles respondeu com um sorriso: "Não, meu jovem, isso é Luta-Livre."
Perguntei se ele dava aulas e ele explicou que não, porque sua turma havia se desfeito. Então eu disse: "E se eu arrumar uma turma, você dá aula?" Ele respondeu: "Se tiver turma, a gente vê." No dia seguinte, reuni um grupo de amigos, que eram tão desajeitados quanto eu, e fomos para a frente da academia, prontos para a primeira aula de Luta-Livre. De todos que começaram naquela época, eu fui o único que continuou e me tornei faixa preta pelas mãos de Manoel Cardoso, ou Manoelzinho, o mesmo professor daquela conversa.
No caminho até aqui, enfrentei muitos desafios. Um dos maiores foi decidir entre ser atleta ou professor. Como competidor, eu era mediano. Sentia falta de força, técnica e controle emocional. Nervosismo, ansiedade e hábitos ruins, como alimentação inadequada e sono desregulado, eram problemas constantes. Mas essas dificuldades me levaram a estudar muito. Li livros, assisti a lutas e analisei grandes nomes, como Rickson Gracie, Eugênio Tadeu, Jorge Macaco e Marco Ruas, para entender como eles pensavam e o que os tornava tão bons.
Com o tempo, meus mestres Manoel e Damião Marques precisaram se afastar por compromissos pessoais e profissionais. Sem querer parar, improvisei um tatame na varanda de casa e chamei amigos para treinar. Minha ideia era ensinar o que eu sabia, para que eles se tornassem meus sparrings e eu pudesse voltar a competir. Mas algo inesperado aconteceu: percebi que tinha talento para ensinar.
Em apenas três meses, um dos meus alunos venceu um campeonato regional sem quimono. Isso atraiu mais pessoas, e acabei me vendo mais como professor do que competidor. Ensinar não apenas se tornou minha paixão, mas também minha forma de encontrar realização e propósito no esporte.
Você teve contato direto com mestres como Roberto Leitão e João Ricardo. Como essas influências moldaram sua abordagem ao ensino e treinamento?
Sim, tive o privilégio de conhecer o Mestre Roberto Leitão, que era um ser humano incrível e um verdadeiro estudioso da luta. Ele tinha uma maneira única de ver o combate, usando conceitos da Engenharia Mecânica para explicar o que acontecia no tatame. Sempre que ensinava, ele usava um papel ou quadro negro para mostrar detalhes sobre movimentos, alavancas e equilíbrio, o que tornava tudo muito mais fácil de entender. Foi com ele que aprendi a ver a luta de uma forma diferente, usando conceitos em vez de apenas técnicas prontas. Ele ensinava princípios que permitiam ao praticante criar seus próprios movimentos e finalizações, mesmo sem ter muita força ou tamanho físico.
Mestre Leitão fazia posições e finalizações que ainda hoje me impressionam. Uma vez, ele me finalizou pressionando um ponto específico da costela com a ponta do calcanhar. Tentei fazer isso muitas vezes, mas nunca consegui. Até hoje, não entendo exatamente como ele fazia aquilo.
O que mais me marcou nele foi perceber que ele não tinha o perfil de um lutador grande ou muito forte. Ele era um estudioso, alguém que via a luta de forma estratégica e analítica. Eu me identifiquei muito com isso, porque também enxergava essa característica em mim. Embora ele nunca tenha se chamado de “nerd”, era assim que eu o via, e isso me inspirou muito. Foi como encontrar um porto seguro em um ambiente que, muitas vezes, parecia depender apenas de força bruta.
Ele me motivou a continuar estudando e a buscar formas diferentes de ensinar e entender a luta. Essa influência moldou completamente minha maneira de treinar e ensinar. Hoje, procuro passar para meus alunos essa mesma curiosidade e vontade de explorar a luta com estratégia e inteligência, indo além do padrão.
O que te inspirou a criar os três pilares (autoconhecimento, auto responsabilidade e autogerenciamento) como base do seu método de treinamento?
Ao longo da minha jornada como professor e técnico, percebi algo que mudou completamente minha visão sobre treinamento. Meus atletas, em geral, obtinham ótimos resultados – fechávamos categorias inteiras em competições, muitas vezes com atletas do projeto que iniciei na varanda da minha casa. No entanto, grande parte do esforço vinha exclusivamente de mim. Eu ligava para eles chamando para treinar, corria atrás de patrocínios, pagava transporte, buscava e deixava em casa, levava para competições no meu carro e até bancava alimentação.
Por muito tempo trabalhei assim, e os resultados vinham. Mas quando eu me afastava ou não conseguia dar 110% de mim, o rendimento caía absurdamente. O treino ficava vazio, as vitórias diminuíam, e percebi que, apesar de estar desenvolvendo um bom método, o sistema era totalmente dependente de mim – e, por isso, estava fadado a falhar.
Essa percepção se intensificou quando fui chamado para ser técnico de Grappling para MMA na equipe Cerrado MMA. Lá, tive contato com atletas de ponta que já caminhavam para a alta performance. A diferença era gritante – não em termos técnicos, mas na forma como encaravam a vida. Esses atletas eram independentes. Se eu pedisse para fazerem 200 repetições, eles simplesmente faziam, sem reclamar, e ainda perguntavam o que mais poderiam fazer. Esse choque de realidade me fez refletir sobre a importância de desenvolver atletas autossuficientes.
Com o tempo, percebi que atletas de alta performance possuem três pilares fundamentais. Aqueles que desenvolvem pelo menos dois desses pilares estão muito à frente de qualquer outro.
1. Autoconhecimento
Um atleta que busca o autoconhecimento geralmente possui rituais bem definidos para lidar com diferentes situações, seja durante a perda de peso, antes de uma luta, nos treinos ou mesmo na recuperação pós-luta. Esses rituais são hábitos ou ações que ele sabe que precisa realizar para manter o desempenho e o estado de flow.
Por exemplo, minha aluna Viviane Araújo, antes de entrar no octógono do UFC, sempre faz exercícios de mobilidade antes do aquecimento – é o ritual dela. Já Rodrigo Batista prefere não conversar com ninguém antes da luta, pois isso o tira do estado mental ideal. Esses rituais só são possíveis com tempo e autoconhecimento, e o papel do técnico é fundamental: ele precisa entender e respeitar esses processos, sem quebrar a confiança do atleta.
2. Autorresponsabilidade
Um atleta precisa assumir as rédeas dos seus resultados, não apenas em relação às lutas, mas em toda a sua carreira. A autorresponsabilidade implica reconhecer que ações pequenas, como chegar atrasado a um treino, podem impactar diretamente no desempenho. Mais do que isso, atletas autorresponsáveis identificam padrões de comportamento que podem levar à autossabotagem, como negligenciar a alimentação ou o sono. Eles entendem a diferença entre precisar de suporte e depender dele. Esse tipo de mentalidade transforma o atleta em alguém que está no controle do seu próprio destino.
3. Autogerenciamento
Quantas equipes você conhece em que o treino mantém a mesma qualidade, independentemente da presença do técnico? Atletas com autogerenciamento são capazes de treinar com a mesma intensidade, mesmo sem o técnico ao lado.
Eles têm seus sistemas de treino, sabem o que precisa ser feito e, se algo falta, ligam para o técnico, pedem orientações e seguem com o trabalho. São os primeiros a chegar, os últimos a sair e mantêm registros detalhados de seus treinos em cadernos ou celulares. No meu time de Grappling, a rotina não para quando eu viajo com atletas para eventos ao redor do mundo. A intensidade continua, os treinos seguem, e os atletas me enviam vídeos quando necessário. Esses atletas, que não dependem de ninguém para alcançar seus resultados, estão predestinados ao sucesso.
Na sua opinião, quais são os principais erros que os atletas cometem ao se preparar para competições de alto nível?
Na minha opinião, um dos principais erros que os atletas cometem ao se preparar para competições de alto nível é ignorar o aspecto mental da luta. Isso é algo que vejo frequentemente, inclusive dentro do meu próprio time. Muitos não percebem que padrões repetidos nos treinos tendem a se manifestar de forma ainda mais evidente em campeonatos ou lutas de MMA. No treino, ser finalizado é algo que você pode superar imediatamente, recomeçando a prática. Já em um campeonato, a derrota significa voltar para casa mais cedo.
Vou dar um exemplo prático. Um dos meus atletas participou de uma seletiva do ADCC, onde perdeu na segunda luta. Ele voltou para casa feliz simplesmente por ter participado de um evento de renome mundial. No entanto, esse mesmo atleta foi campeão no Grand Slam da PBJJF, mas, curiosamente, ficou insatisfeito com sua vitória.
O que explica essa diferença de comportamento? Bom, vou detalhar. Esse atleta tinha um padrão de autossabotagem constante. Ele consumia alimentos e bebidas que não condiziam com a dieta de um atleta e mantinha péssimos hábitos de vida. Em seu subconsciente, ele não acreditava que merecia vencer, porque sabia que estava se sabotando diariamente. Para ele, a derrota parecia mais natural, algo "merecido".
Quando ele venceu, sua mente inconsciente entrou em conflito. Ele começou a se questionar se realmente merecia estar no pódio. Afinal, como alguém que não vive como um atleta de alto nível pode ser digno da vitória? Esse tipo de pensamento não é racional. É um bloqueio emocional que impede o atleta de progredir na carreira ou de alcançar resultados consistentes.
Para mim, o aspecto psicológico é, sem dúvida, o elemento mais ignorado na preparação de atletas de alta performance. Trabalhar a mente, desenvolver a autoconfiança e resolver padrões de autossabotagem é tão importante quanto o treino físico e técnico. Sem isso, o atleta estará sempre limitado, independentemente de seu potencial ou habilidades.
Seu livro Além da Técnica traz insights sobre o impacto do sistema de recompensa cerebral no desempenho. Pode nos explicar como isso funciona e como aplica esse conceito com seus atletas?
Sim, o sistema de recompensas do cérebro está muito ligado aos nossos hábitos, e isso afeta diretamente os nossos resultados. Vou explicar como funciona:
Sempre que você faz algo difícil, como finalizar alguém em um treino, o seu cérebro libera um químico chamado dopamina, que faz você sentir prazer. Agora, imagine esse sentimento multiplicado quando você vence um campeonato, especialmente um campeonato importante. Quanto maior o esforço para alcançar algo, mais dopamina o cérebro libera e maior é a sensação de vitória/prazer.
O problema aparece quando o atleta dá “recompensas fáceis” para o cérebro, sem esforço. Coisas como passar horas vendo redes sociais, comer junk food, beber álcool, maratonar séries ou outros hábitos prazerosos liberam dopamina, mas sem nenhum esforço real. Isso faz o cérebro se acostumar a buscar prazer rápido e fácil, e pode levar a vícios e comportamentos compulsivos.
Agora imagine um atleta prestes a competir em uma luta importante. Em vez de focar no desafio, ele começa a rolar compulsivamente no TikTok ou a se distrair com outras coisas. Quando a luta chegar e ele precisar se esforçar ao máximo, o cérebro já terá recebido sua “recompensa” antes mesmo do esforço, e ele não conseguirá acessar aquela força extra que poderia fazer a diferença.
Um exemplo que gosto de dar é de um dos meus atletas que ama refrigerante. Ele tem um ritual: assim que uma luta é marcada, ele corta o refrigerante completamente por um ou dois meses. Quando ele vence, a vitória tem um sabor ainda melhor porque ele sabe que fez sacrifícios. E, como ele mesmo brinca, a primeira coisa que faz depois da luta é tomar uma garrafa de refrigerante (risos). É como se ele tivesse feito um acordo com o cérebro, o esforço primeiro, a recompensa depois.
Com meus atletas, aplico esse conceito ensinando-os a economizar as recompensas. Quando você se esforça e só recompensa o cérebro após conquistar algo grande, o prazer é muito mais intenso. E isso, além de melhorar o desempenho, ajuda a manter o foco e a disciplina.
Você já formou mais de 11 faixas pretas e treinou atletas de destaque como Vicente Luque e Viviane Araújo. Qual é o segredo para desenvolver atletas tão talentosos e consistentes?
Quando comecei a dar aulas na Cerrado MMA, Viviane Araújo já estava prestes a entrar no UFC e Vicente Luque já brilhava no evento. Na verdade, me tornei um aprendiz nessa jornada, especialmente sob a orientação do Head Coach Daniel Evangelista, que me ensinou muito sobre alta performance.
Aos poucos, fui combinando minha própria experiência com o que vivia naquele ambiente e desenvolvi um sistema de treino focado em conceitos e situações. Nesse sistema, as técnicas se tornam ferramentas que apoiam o desenvolvimento do atleta, mas não são o ponto principal. O que realmente importa é como o atleta entende e aplica os princípios durante os treinos e lutas.
Um dos maiores aprendizados que tive foi o de respeitar a individualidade de cada atleta. Alguns são excelentes em heel-hooks, outros têm guilhotinas ou triângulos de mão como ponto forte, enquanto outros precisam apenas ficar de pé para mostrar suas habilidades no striking. Se eu focasse o treino apenas em técnicas específicas, metade do time não desenvolveriam seus pontos fortes.
Também percebi que não preciso ter a resposta técnica para todas as situações que meus atletas enfrentam. Isso seria limitar o desenvolvimento deles ao meu próprio ponto de vista. Em vez disso, meu papel é criar um ambiente onde eles possam explorar, errar e aprender, sem que o ego de nenhuma das partes atrapalhe o processo. Essa abordagem não só gera atletas mais completos, como também promove um crescimento constante no time.
Como você equilibra o treinamento técnico e físico com a preparação mental e psicológica dos seus atletas?
Na alta performance, acredito que o treinamento técnico, físico e mental devem andar juntos. Imagine a seguinte situação: você está lutando, faz muita força até seus braços e pernas arderem para tentar finalizar o oponente, mas ele consegue escapar. Nesse momento, é comum surgir uma “janela de frustração” para quem atacou. Se o oponente que escapou aproveitar esse momento para contra-atacar, ele terá uma grande chance de vencer.
Essa “janela de frustração” é o tempo que o atleta leva para superar a decepção e voltar ao “modo combate”. Trabalhar isso nos treinos é essencial, porque ensina o atleta a reconhecer o que está acontecendo em sua mente no momento exato em que ocorre.
Um exemplo de sistema de treino que uso envolve simular essa situação. O objetivo não é finalizar, mas frustrar o oponente e só atacar quando perceber que ele está nessa “janela de frustração”. No entanto, ao tentar isso, muitos atletas percebem que quem acaba frustrado é eles mesmos, porque o outro está usando a mesma estratégia.
Um atleta que treina dentro desse sistema por um ano não só desenvolve consciência sobre seus momentos de frustração, como também busca melhorar sua preparação para lidar com isso. Ele percebe que precisa de recursos como boa alimentação, sono adequado e preparo físico. Na minha equipe, a competição interna não é apenas sobre quem finaliza mais, mas sobre quem tem o melhor estilo de vida – isso fica claro nos treinos e nos resultados.
Além disso, como técnico, costumo reunir o time para discutir os treinos e lutas. Mas, em vez de dar respostas, faço perguntas que incentivam a reflexão. O aprendizado vem deles mesmos, e isso ajuda a fortalecer tanto a mente quanto o corpo de cada atleta.
Já teve algum momento marcante na sua carreira como técnico, algo que tenha mudado sua forma de trabalhar ou ver o esporte?
Um dos momentos mais marcantes da minha carreira como técnico aconteceu na minha primeira vez como corner no UFC. Como alguém que cresceu na periferia, estar ali era algo grandioso demais para mim. Fiquei nervoso e com medo de estragar tudo. Foi então que Daniel Evangelista percebeu meu estado emocional e me disse:
“Ei, Erik, relaxa. Você não precisa fazer nada. Deixa tudo comigo. Só quero que você entre com a gente e fique do nosso lado. Ok?” Aquelas palavras foram como tirar um caminhão das minhas costas. De repente, consegui focar novamente na atleta e no que precisava fazer. No fim, sem perceber, dei os comandos corretos, e Viviane Araújo saiu com a vitória.
Esse momento foi um divisor de águas para mim. Entendi ali que não era mais apenas um sonho trabalhar com luta, era uma meta. Decidi que dedicaria 100% do meu tempo e energia a isso e que buscaria ser a melhor versão de mim mesmo.
Desde então, mergulhei no aprendizado. Busquei conhecimento não apenas em livros, mas também com grandes referências do esporte, como Gilbert Burns e seu irmão Herbert Burns, Vagner Rocha, Jarbem Pacheco, Daniel Evangelista, entre outros. Além disso, usei minha própria vivência e experiências para moldar minha abordagem.
Essa experiência me ensinou que, às vezes, tudo o que você precisa é de alguém que confie em você e diga para você se acalmar. Isso mudou a forma como eu vejo o esporte e reforçou meu objetivo de ajudar meus atletas a alcançarem o melhor de si, não só como lutadores, mas também como pessoas.
Quais são seus objetivos futuros como técnico e mentor? Existe algum sonho que você ainda deseja realizar dentro do mundo das artes marciais?
Eu sinto que ainda estou no começo da minha carreira. Sou um aprendiz e sei que sempre há espaço para melhorar e alcançar mais resultados. Um dos meus maiores objetivos é treinar um ou mais atletas até que ele se tornem campeões do UFC e outros que conquistem o ADCC. Esses dois eventos são os que mais me brilham os olhos, e vou fazer tudo o que for preciso para alcançar esse objetivo.
Sei que alcançar um sonho grande tem um preço alto, mas eu sei também que o preço que se paga por não arriscar é maior ainda. Estou disposto a pagar o preço do esforço, porque sei que vale a pena.
Que conselho você daria para jovens atletas que estão começando agora e sonham em brilhar no cenário internacional, como o UFC?
Muitos jovens vêm até mim dizendo que sonham em brilhar no UFC ou em outro grande evento internacional. Mas, ao conversar com eles, percebo que, na maioria das vezes, esse sonho é apenas uma empolgação passageira. Na semana seguinte, algo mais interessante aparece, e muitos perdem o foco e desistem.
Se você, jovem atleta, realmente tem esse sonho, aqui vai meu conselho: pegue um papel e escreva no topo onde você quer chegar. Depois, faça uma lista de como sua vida mudaria se você alcançasse esse objetivo. Em seguida, escreva o que você teria que abrir mão para chegar lá. Pense também em quem pode ficar para trás nesse processo, como amigos, família ou relacionamentos. Pergunte a si mesmo para quais prazeres e convites você está disposto a dizer “não” para alcançar seu objetivo.
Não tenha pressa de terminar esse exercício, mas comece agora. Depois de olhar para esse papel, você terá mais clareza sobre se está realmente pronto para o sacrifício que ser um campeão exige. Se a resposta for sim, faça um acordo com você mesmo e siga em frente. A jornada será desafiadora, mas valerá a pena.
Erik Cerrado mostrou que não é apenas um nome de peso na Luta-Livre, mas um exemplo de determinação e paixão pelo esporte. Com cada queda, ele se levanta mais forte e focado, sempre mirando o topo.
Essa entrevista deixa claro: o jogo não acaba para quem nunca para de lutar. Fiquem atentos, porque o Cerrado ainda vai sacudir muitos tatames e conquistar o mundo da luta. Valeu, Erik! Seguimos juntos nessa batalha! Oss
Erik é o professor mais técnico e didático que eu já tive. Ele não ensina posição, mas situação, considerando que seu oponente não vai esperar parado vc executar sua posição, mas vai responder e vc precisa responder em cima das possíveis respostas do oponente. Isso mudou minha forma de pensar a didática e o que eu considero como grapling que funciona.