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FUMAÇA – DA ERA DAS GUERRAS ENTRE ESTILOS À FORMAÇÃO DE CAMPEÕES

  • Foto do escritor: Bernardo Passos
    Bernardo Passos
  • 20 de fev.
  • 5 min de leitura

Se tem um cara que viveu todas as fases da luta no Brasil, esse cara é o Fumaça. De um tempo em que Luta-Livre e Jiu-Jitsu eram rivais de verdade, passando pelo MMA, até chegar à missão de formar novos campeões, ele viu e viveu de tudo dentro dos tatames e cages.


Com uma trajetória marcada por desafios, superações e conquistas, Fumaça não só construiu um legado como competidor, mas também como professor e mentor. Aos 46 anos, ele ainda não parou – segue competindo, treinando e mostrando que a mentalidade de guerreiro não tem prazo de validade.


Nessa entrevista exclusiva para o Destaque Luta-Livre, ele conta sobre as batalhas das antigas, sua migração da Luta-Livre para o Jiu-Jitsu, os momentos mais marcantes da carreira e a visão sobre a nova geração da luta. Se liga que a resenha tá pesada!



Fumaça, como era aquele cenário das antigas, quando a rivalidade entre Luta-Livre e Jiu-Jitsu ainda pegava fogo? Como isso te moldou como lutador?


Rapaz, quando eu comecei, era guerra mesmo. Não era só treta dentro do tatame, era no dia a dia. Pra andar com a camisa da sua arte, tinha que ter peito. Se fosse de bobeira na área errada, podia perder a camisa. E aconteceu… Já queimamos camisa de Jiu-Jitsu, já usamos como pano de chão. Era outro tempo. Mas graças a Deus essa briga ficou no passado. Hoje a mentalidade é outra, de união, evolução, aprendizado mútuo.


Você começou na Luta-Livre e depois migrou pro Jiu-Jitsu. O que te levou a essa mudança? Como essas artes se complementam no seu jogo?


Foi por necessidade. Meu professor teve que ir embora e ficamos meio perdidos. Tentamos segurar as aulas com o Bozo, um faixa roxa brabo, mas não durou muito. Tentei treinar com o Daniel Pirata, fiquei uns seis meses, mas não me adaptei. Depois parei um tempo, até que um amigo me chamou pra treinar Jiu-Jitsu. No começo, o kimono me deixava muito preso, parecia que amarravam minhas asas, mas com o tempo fui pegando o jeito. Hoje em dia, mesclo as duas artes no meu jogo e vejo que uma completa a outra perfeitamente.


Seu primeiro contato com a luta foi com o Mestre Puruca. O que mais te marcou nesses primeiros anos de treino?


O que mais me pegou foi o ambiente de irmandade. A galera se ajudava, mesmo quando a porrada comia solta. O mestre tinha um carinho pela gente que era surreal. Isso me marcou porque eu vim de uma geração onde o respeito muitas vezes era imposto pela força e pelo medo. Lá, a parada era diferente. Era união, incentivo, todo mundo crescendo junto.


Você teve uma pausa no começo da sua trajetória. O que fez você voltar e o que mudou na sua mentalidade?


A pausa foi essencial. Foi nela que eu percebi que a luta fazia parte de mim. Eu não só gostava, eu precisava daquilo. Quando voltei, minha mentalidade mudou. Passei a buscar ser melhor a cada dia, a superar meus próprios limites. Talvez eu nunca tenha atingido meu potencial máximo, mas nunca deixei de dar meu máximo.


Você tem vários títulos na Luta-Livre e no Jiu-Jitsu. Qual foi a conquista mais especial pra você?


Todas são importantes, porque o que vale não é a medalha, e sim o quanto você se superou pra chegar ali. Mas tem uma que mexeu muito comigo: o bicampeonato Sul-Americano de Jiu-Jitsu. Na época, eu tinha acabado de perder minha filha, que tinha 22 anos. Durante aquele campeonato, eu senti a presença dela o tempo todo. Parecia que ela tava ali comigo. Foi uma experiência única, emocionante demais.


No MMA, você disse que sua Luta-Livre te salvou. Como foi essa experiência?


Eu sempre fui brigão, mas quando entrei no grappling, percebi que a técnica podia fazer a diferença. No MMA, eu enfrentei caras muito experientes, e a Luta-Livre me deu a base pra controlar e pressionar meus adversários. Foi ela que me manteve vivo dentro do cage. Luta-Livre salva mesmo! (risos)


Agora, aos 46 anos, você ainda compete e forma campeões. Qual é o segredo pra se manter em alto nível por tanto tempo?


Não tem segredo. É amor pela parada. Eu quero ser o melhor, tanto como atleta quanto como professor. Enquanto essa chama estiver acesa, eu vou continuar no jogo.


Quais são os maiores desafios de treinar a nova geração? Você acha que os atletas de hoje têm a mesma garra dos antigos?


Acho que talento sempre existiu, tanto antes quanto agora. O que muda é a disposição de pagar o preço. Quem quer de verdade, vai treinar, sofrer, cair e levantar. Quem não quer, só arruma desculpa. O caminho do topo nunca foi fácil, nem vai ser.


Você faz parte das equipes Cado's Team e Game Fight. Como é o trabalho nessas academias e qual é a filosofia que você passa pros seus alunos?


Na Cado's Team, sou aluno do Mestre Cadinho, um monstro no que faz. Me deixa sempre pronto pra guerra.


Na Game Fight Ilha, eu sou head coach. Nossa filosofia é simples: seu maior adversário é você mesmo. A gente ensina a galera a vencer primeiro dentro da própria mente. Quando você faz da vitória um hábito, ela vira rotina.


Pra fechar, que conselho você daria pra quem tá começando na luta e quer trilhar um caminho como o seu?


A luta devia ser obrigatória, como uma lei. Ensina muito mais do que golpes, ensina sobre a vida. Quem quiser seguir esse caminho, tem que estar pronto pro perrengue. Vão ter lesões, falta de grana, dificuldades de todo tipo… Mas a luta não é Disneylândia, né? (risos) Quem tem coração, aguenta e segue.


AGRADECIMENTOS


"Sozinho não somos nada." Quero agradecer ao meu eterno Mestre Puruca, que me iniciou nas artes marciais. Minha gratidão eterna por me mostrar esse caminho.


Ao Mestre Wanderlan Barbosa, que me graduou faixa preta no Jiu-Jitsu.


Ao Mestre Vinícius Amaral, que cuida da minha carreira no BJJ, um verdadeiro irmão.


Ao Mestre Gringola, que me deu a faixa preta de Luta-Livre.


E ao meu mestre e irmão Ricardo Cardoso, o Mestre Cadinho, da sapataria Cado's Team, que segue me guiando nessa jornada.


Esses caras fizeram minha história na luta e me moldaram pra ser quem sou hoje."



Fumaça é mais do que um lutador. Ele é a personificação da resiliência, da lealdade e da paixão pela arte da luta. Viveu tempos de guerra entre estilos, superou desafios dentro e fora dos tatames, conquistou títulos e hoje segue deixando sua marca como professor e mentor. Sua história prova que a verdadeira vitória não está apenas nas medalhas, mas no caminho percorrido, nas batalhas enfrentadas e no impacto que deixa nas próximas gerações.


Mas, acima de tudo, Fumaça carrega em seu coração a memória de sua filha Pamela, que partiu cedo demais, mas segue presente em cada conquista, em cada luta e em cada passo dessa jornada. Sua força e seu legado continuam vivos, não apenas nos tatames, mas na essência de um guerreiro que nunca deixa de lutar.


Essa entrevista não é apenas sobre um atleta, mas sobre um homem que transformou a dor em motivação, a luta em propósito e a vida em um exemplo de superação.


"Assim que luto, logo existo."



1 comentário


Euclesio Alves
Euclesio Alves
21 de fev.

Parabéns, sucesso e saúde sempre, Game Figth não para, fábrica de campeões, Oss.

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